Ayrton Senna da Silva "Ayrton
Senna da Silva nasceu à 1h e 15 min do dia 21 de abril de 1960 na Maternidade
de São Paulo e era o segundo filho do casal Milton da Silva e Neide Senna da
Silva. Foi, inclusive, seu pai quem construiu o primeiro kart, quando ele tinha
apenas 4 anos de idade. Começava, aí, uma das mais brilhantes carreiras do
automobilismo mundial. Ayrton tornou-se um ídolo em todo o mundo e, para nós
brasileiros, um herói, um motivo de orgulho sempre que exibia nossa bandeira após
mais uma de suas brilhantes vitórias. Senna ganhou títulos, mas não perdeu a
humildade e nunca deixou de ajudar seus semelhantes. Prova disso são as
instituições de caridade que ele ajudava com doações, exigindo apenas que
isso não fosse divulgado. Ayrton, embora muito novo, já reclamava que seu kart
era muito lento. Seu pai, após saber que o pequeno Senna já trocava as marchas
do trator na fazenda sem usar a embreagem, resolveu dar-lhe um kart de verdade
aos 7 anos de idade. Sua paixão pelo carro era tão grande que, depois das
aulas, o motorista da família o levava para treinar numa pista junto ao Parque
do Anhembi, perto de sua casa. Como sua intenção era participar de
campeonatos, ele começou a treinar no kartódromo de Interlagos. Aos 8 anos
Senna participava de sua primeira corrida num balneário em São Paulo. A
corrida era contra pilotos de 18 a 20 anos e o grid de largada seria definido
por sorteio. Cada um tiraria de um capacete um papel com um número
correspondente à posição de largada. Por ser o mais jovem, Ayrton foi o
primeiro a retirar o papel, e, adivinhe, ele tirou o número .......... 1. Em
sua primeira corrida ele já largaria na pole position, que seria a marca maior
do arrojo e precisão que sempre o acompanharam. Na corrida, Senna era muito
mais leve que os outros e manteve-se, assim, por quase toda a prova em primeiro.
A 3 voltas do final, um kart tocou-o por trás e ele capotou. Primeira prova,
primeira pole e primeira capotagem. Nada mau para um garoto de apenas 8 anos !
Devido ao limite mínimo de 13 anos da época para pilotar um kart, Ayrton teve
que esperar até 1973 para estrear oficialmente nas competições. Era dia 1°
de julho e Senna obteve sua primeira pole e a primeira vitória oficiais, muito
à frente do 2° colocado. À partir daí ele não parou mais de colecionar glórias
e títulos. Foi por diversas vezes Campeão Paulista, Brasileiro e Sul Americano
e por duas vezes (1979 e 1980) foi Vice Campeão Mundial de kart. Contra a
vontade do pai, Senna largou a Faculdade de Administração de Empresa da Faap
(SP) e foi para a Inglaterra em busca de novos desafios e mais títulos e,
claro, realizar seu sonho de ser piloto de Fórmula 1. Senna assinou contrato
com Ralph Firman, dono da fábrica Van Diemen, para a temporada de 1981 de Fórmula
Ford 1600. Na primeira corrida ( 1°/ 3 / 81 ) Ayrton da Silva, como era
conhecido então, chegou a andar em 4°, mas foi ultrapassado por seu
companheiro de equipe e terminou em 5° lugar no autódromo de Brands Hatch. A
primeira vitória viria em 15 / 3 / 81, sob forte chuva (outra de suas marcas
registradas durante a carreira), também em Brands Hatch. Foram, no total, 12
vitórias, 5 segundos lugares, 3 poles e 10 melhores voltas (em 20 provas) e,
claro, o título da Fórmula Ford 1600. Em 1982 Senna participou de dois
campeonatos simultaneamente: o inglês e o europeu de Fórmula Ford 2000. Seu
carro era um Van Diemen da equipe Rushen Green Racing. Senna venceu os dois
campeonatos, fulminando seus adversários. Foram 21 vitórias, 2 segundos
lugares e 4 abandonos em 27 provas, somando, também, 15 poles e 24 melhores
voltas. Ainda em 82 Senna participou de outras 2 corridas: em Oulton Park ele
venceu o "Celebration Day", com um Sunbeam Talbot Ti (também fez a
melhor volta) e estreou em novembro na Fórmula 3 em Thruxton, vencendo com um
Ralt Toyota RT3. Ayrton totalizou em 1982, 23 vitórias em 29 provas, ou seja,
venceu 80% de suas corridas (!) A temporada de 1983, na Fórmula 3 com a equipe
West Surrey Racing acabou sendo a mais difícil até então. Senna encontrou em
Martin Brundle (depois seu rival na F 1) um adversário à sua altura e teve que
por em prática toda sua habilidade e contar com a sorte em alguns momentos. Mas
no final Ayrton comemorou mais uma vez o título após 12 vitórias (sendo 9
seguidas, um recorde só batido em 1995), 2 segundos lugares, 16 poles e 3
acidentes com Brundle em 21 corridas. Foi nessa época que, devido às suas 9
vitórias em Silverstone em 3 anos, o autódromo passou a ser chamado de ‘Silvastone’,
em referência a seu sobrenome. No final do ano, Senna participou do tradicional
GP de Macau, vencendo a prova. O ano de 1983 marcou o primeiro teste de Ayrton
Senna com um carro de Fórmula 1. Senna foi convidado por Frank Williams para
pilotar um de seus carros e, nas 81 voltas que deu no circuito de Donington (19
/ 7 / 83), bateu o recorde da pista ! Após as 3 temporadas de sucesso (48 vitórias
em 72 provas, 67%), Ayrton começou a receber propostas de alguma equipes de Fórmula
1, inclusive a McLaren, que lhe daria muitas glórias anos mais tarde. Senna foi
sondado, também, pela Brabham e disse, tempos depois, que só não foi
contratado pela então campeã do mundo devido a um veto de Nélson Piquet.
Surgiu aí a briga entre os dois que durou até sua morte. Ayrton acabou
assinando com a Toleman e estreou no GP Brasil em 25 / 3 / 84 , largando em 16°
, mas, para sua frustração, abandonou logo no início. Seu primeiro ponto veio
na corrida seguinte, em Kyalami. O primeiro show de Senna na F 1 aconteceu a 3
de junho no GP de Mônaco, quando ele largou na 13¦ posição e cruzou a linha
de chegada na primeira volta já em nono lugar, debaixo de muita chuva. Na 7¦
volta estava em 7° e após 30 voltas alcançava a segunda posição. Duas
voltas depois, quando se aproximava para ultrapassar o líder Alain Prost, o
diretor da prova Jackie Icxy encerrou a corrida, o que foi considerado na época
uma ajuda a Prost. Anos depois Senna diria que o melhor para ele foi a interrupção
da prova "pois, se a corrida continuasse, eu passaria por ele e poderia
bater cinco voltas depois. Assim tive mais publicidade do que se tivesse
ganho." Ayrton terminou sua primeira temporada em 9° lugar com 13 pontos.
Um fato interessante sobre esta corrida em Monte Carlo é que, quando a prova é
interrompida antes da metade das voltas previstas, cada piloto recebe apenas
metade dos pontos a que teria direito. Assim, Prost recebeu apenas 4,5 pontos
(na época a vitória valia 9 pontos). Caso a corrida tivesse as 79 voltas e
Prost terminasse em segundo (com Senna o ultrapassando), Alain marcaria 6
pontos, isto é, 1,5 a mais. Detalhe: neste ano ele perdeu o título para Niki
Lauda por apenas 0,5 ponto. Senna ganharia sua primeira corrida e Prost, ao
final do ano, seu primeiro título. Pela primeira vez (de muitas) Ayrton
atrapalhava os planos do francês. Em 1985 Senna foi correr na equipe Lotus. No
dia 21 / 4 ,no circuito do Estoril em Portugal, Ayrton largava em sua primeira
pole position na Fórmula 1 e, mais uma vez debaixo de chuva, deu um show,
obtendo a primeira das 41 vitórias de sua carreira. Neste ano Senna conseguiria
mais 5 poles e uma vitória (sob chuva) na Bélgica. Após esta vitória, começou
a ser chamado pela imprensa de "Rei da Chuva". No ano seguinte, ainda
na equipe do carro preto e dourado, Senna já caía nas graças da torcida
brasileira com o segundo lugar no grid e na corrida, fazendo dobradinha com o
vencedor da prova Nélson Piquet. Foram mais duas vitórias, cada uma com sua
particularidade. A primeira, na Espanha a 13 / 4 , Senna superou Mansell por míseros
14 milésimos de segundo, a segunda menor diferença já registrada até hoje. A
segunda vitória da temporada veio em Detroit, a 22 / 6 . No dia anterior o
Brasil havia sido eliminado da Copa do México pela França. Em segundo e
terceiro chegaram os franceses Jacques Laffite e Alain Prost, o que provocou em
Senna um sentimento de vingança. Para mostrar seu orgulho de ser brasileiro,
Ayrton fez pela primeira vez a volta da vitória empunhando a bandeira do
Brasil, gesto que repetiria por mais 37 vezes em sua carreira. Foram, neste ano,
mais 8 poles. O ano de 1987 prometia mais para Senna, já que a Lotus vinha com
motor Honda e o novo patrocínio da Camel. Mas os resultados decepcionaram.
Foram duas vitórias e apenas uma pole. Em 31 / 5 Senna venceu pela primeira das
6 vezes o GP de Mônaco. Mal acostumado com tantas vitórias antes de chegar à
Fórmula 1, quando as máquinas eram praticamente iguais e só o talento
prevalecia, Ayrton começava a ficar insatisfeito com seus carros. No final de
87 ele assinou contrato com a McLaren Honda, onde seria companheiro do então
bicampeão Alain Prost. O sonho de vencer o GP Brasil nunca esteve tão perto,
mas Senna acabou desclassificado da prova por ter trocado de carro após um
acidente na largada. Após um início difícil de temporada, Ayrton acabou
fazendo valer sua maior determinação e conquistou seu primeiro título mundial
ao conseguir 8 vitórias e 13 pole positions, um recorde até então. A
conquista veio com a maior atuação de sua carreira (segundo ele próprio,
melhor até que no Brasil em 91), no GP do Japão em 30 / 10 . Ayrton largava na
pole mas deixou seu carro morrer. Como a reta dos boxes fica em descida no
circuito de Suzuka, ele fez a McLaren pegar no tranco. Acabou fazendo a primeira
curva em 14° lugar, mas já passava em 8° ao final da primeira volta. Na 16¦
passagem já estava em 3°, numa recuperação impressionante que mostrava o
quando era importante para ele aquela vitória e o título. Ao abrirem a 27°
volta, Senna, mesmo sendo fechado, passou por Alain Prost e assumiu a liderança,
levando seu carro até a vitória para delírio dos torcedores japoneses. A
dupla Senna-Prost correria novamente pela McLaren em 89, mas este seria o pior
ano para Ayrton na Fórmula 1. Pior não no resultado (foi 2° no Mundial), mas
na briga com os cartolas, em especial o francês Jean-Marie Balestre. Senna fez
13 poles e conseguiu 6 vitórias, mas chegou às 2 últimas etapas precisando da
vitória. Na penúltima corrida Prost largou melhor mas Senna o alcançou na 47¦
volta, na chicane antes da reta dos boxes em Suzuka. Prost jogou sua McLaren em
cima de Ayrton provocando a batida. Mesmo assim, Senna voltou empurrado pelos
fiscais, completou a volta sem o aerofólio, parou nos boxes, ultrapassou
Alessandro Nannini no ponto onde Prost o fechara e venceu a prova, mas foi
impedido pelo francês Balestre de subir ao pódio. Senna havia sido
desclassificado sob a alegação de ter cortado a chicane por dentro (o que só
poderia ocorrer se o carro estivesse em posição perigosa). Ora, se um carro
está parado num ponto onde a desaceleração é de 305 para 80 km/h, como era o
caso isto é uma situação de perigo. Balestre não interpretou assim e
preferiu desclassificá-lo. A vitória ficou para o segundo colocado, Nannini, e
o título para Prost. Na época, os computadores japoneses utilizaram as imagens
feitas pelo helicóptero e analisaram as 47 vezes que Prost fez a curva da
chicane. Na volta do acidente ele começou a virar 1 metro antes do que fizera
nas primeiras 46, numa clara demonstração de que fechara Ayrton
propositadamente. Senna ainda precisaria vencer a última corrida, mas aquele
ficou conhecido como o final de temporada mais vergonhoso da Fórmula 1. No início
de novembro de 1996, o francês Balestre confessou à imprensa que interferiu no
resultado daquela prova para ajudar seu compatriota Prost. Durante o intervalo
para a próxima temporada, Senna criticou duramente os dirigente da F1 e foi forçado
por Balestre a se desculpar publicamente para ter permissão para correr em
1990. Após muitas brigas, Senna atendeu o cartola e conseguiu a super-licença.
Prost foi para a Ferrari e o companheiro de Ayrton passou a ser o austríaco
Gerhard Berger, que se transformou em seu melhor amigo durante a carreira na F1.
A temporada 90 foi novamente marcada pelo domínio da dupla Senna-Prost. Juntos
eles venceram 11 das 16 provas do ano, mas, chegando às últimas 2 etapas,
desta vez era o francês que precisava das duas vitórias, mas Senna largaria na
pole. O que se passou à partir daí foi narrado em 1991 pelo próprio Senna:
"Antes do treino de classificação concordamos com as autoridades que a
pole seria do lado de fora (mais limpo, para dar vantagem ao pole). Após o
treino, Balestre decidiu que a pole seria do lado dentro (sujo, onde o carro
patina) e eu me vi do lado errado na largada. Fiquei tão frustrado que prometia
a mim mesmo que, se perdesse o lugar depois da largada, tentaria pegar na frente
a primeira curva, independente do que isso resultasse. Eu iria com tudo e Prost
não faria a curva na minha frente, e foi isso que aconteceu, como resultados
das decisões estúpidas e ruins dos políticos"(...) "O ano de 1989
foi inesquecível. Ainda não engoli aquilo. Todos vocês sabem que os cartolas
decidiram contra mim e isto não foi justo. Eu disse a mim mesmo: certo, você
joga e tenta fazer o trabalho direito e depois é (palavrão) por certas
pessoas. Tudo bem, se amanhã Prost sair na minha frente, vou com tudo na
primeira curva e é melhor ele não tentar entrar, porque não vai conseguir. E
aconteceu. Eu gostaria que não houvesse acontecido. Ficamos os dois fora da
corrida e foi um final (palavrão) para o campeonato. Não foi bom nem para mim
e nem para a Fórmula 1. Foi o resultado de decisões erradas e parciais das
pessoas que as tomaram. Eu ganhei o campeonato . E daí? Foi um mau exemplo para
todos" (...) "Eu contribuí para aquilo, mas não foi minha
responsabilidade." Senna já era, a essa altura, bicampeão mundial, tinha
26 vitórias (20 pela McLaren), 16 melhores voltas e 52 poles (46%, quase 1 a
cada 2 provas). Jim Clark, na época detentor da segunda melhor marca, tinha 33.
Antes do início da temporada 91, todos apostavam que o duelo seria novamente
entre Senna e Prost, especialmente depois dos promissores testes de inverno da
Ferrari. Com o passar das corridas, a grande rival de Ayrton foi a dupla da
Williams, Mansell e Patrese. O começo de Senna foi avassalador: 4 poles e 4 vitórias
incontestáveis nas primeiras 4 provas do ano. Em 24 / 3 , Ayrton conseguia,
finalmente realizar outro sonho: ganhar o GP Brasil. E de que maneira ele
realizou esse feito ! Senna largou na pole e foi persseguido por Mansell por
mais de 40 voltas até que o câmbio da Williams não resistiu e acabou com as
pretensões do inglês. À partir daí, foi Senna que começou a ter problemas
de câmbio e viu a diferença para o segundo colocado, Patrese, cair de 40 para
apenas 2.3 segundos na última volta. Na entrevista à imprensa, Senna explicou
que ficou sem a 1¦ e a 2¦marchas e, algumas voltas mais tarde, não entrava
mais nenhuma marcha, apenas a 6¦. Nas curvas de baixa velocidade, Senna tinha
que manter alta a rotação do motor para não deixar o carro morrer. Isso
exigiu de Senna um esforço muito grande para segurar sua McLaren na pista
molhada pela chuva que se iniciava. Ao final da prova Ayrton teve espasmos
musculares nos ombros e pescoço e não conseguiu nem levar o carro de volta aos
boxes. Mesmo que ele tivesse em sua perfeita condição física, não
conseguiria passar pela multidão que invadiu a pista para comemorar a tão
sonhada vitória de seu ídolo maior. A torcida fez plantão na porta da casa de
Senna e só foi embora quando a polícia convenceu Ayrton a subir no muro e
exibir o troféu da vitória. À partir da quarta corrida, as Williams
transformaram em vitórias sua superioridade sobre a McLaren. Graças às vitórias
na Bélgica e na Hungria e ao azar de Mansell em Portugal (quando um mecânico não
apertou a porca do pneu da Williams e Nigel foi atendido fora da área permitida
nos boxes, sendo desclassificado de uma prova que fatalmente venceria), Senna
chegou à penúltima prova precisando apenas que Mansell não vencesse uma das
duas etapas restantes. A prova era novamente em Suzuka e Senna, largando em
segundo, deixou o pole Berger escapar na frente enquanto segurava Mansell em 3°.
Seu pensamento: quando (e se) Mansell me passar, Berger já estará longe. No início
da 10¦ volta, Nigel pegou uma turbulência muito forte atrás do carro de Senna
e passou reto pela curva no final da reta dos boxes (desta vez sem acidentes).
Senna conquistava, assim, seu 3° (e, infelizmente, último) título mundial.
Com Mansell fora e Patrese muito atrás, começou o show da McLaren. Senna
perseguiu Berger até ultrapassá-lo, mas, como haviam combinado que quem
largasse na frente teria a preferência para vencer a corrida, abriu passagem
para seu companheiro (justamente na chicane onde fora fechado por Prost 2 anos
antes) vencer pela primeira vez na equipe de Ron Dennis. De quebra, Senna venceu
a última corrida na Austrália. A chuva era tão intensa que a prova foi
interrompida na 14¦ volta, dando a metade dos pontos para os seis primeiros
colocados. Ayrton encerrava o ano com outro show sob chuva. À partir da
temporada de 92, a McLaren entrou num período de declínio sem o motor Honda
(que foi trocado pelo Ford) que coincidiu com uma superioridade da Williams só
comparada à hegemonia da própria McLaren em 88. Com o melhor motor (Renault),
câmbio semi automático, suspensão computadorizada e o melhor chassis da F1,
os carros de Mansell e Patrese não tomaram conhecimento dos outros competidores
e o inglês acabou levando fácil (até que enfim) seu primeiro mundial. A Senna
restaram 3 vitórias e 1 pole. Na corrida mais emocionante da temporada, em Mônaco,
Mansell disparou na frente e Ayrton mantinha-se em segundo, quando o inglês
teve um pneu furado e foi obrigado a parar nos boxes. Senna saia do túnel, viu
pelo telão que Mansell estava parado e acelerou fundo para aproveitar a chance.
Faltavam 7 voltas para o final e Senna tinha mais de 7 segundos de vantagem.
Duas voltas depois, Mansell colava atrás de Ayrton e iniciava uma perseguição
implacável que só terminou na linha de chegada. Durante as 5 voltas finais
Mansell tentou desesperadamente, mas não teve jeito. Ayrton fechou-o por todos
os lados e proporcionou um dos raros momentos de emoção durante toda a
temporada. Em 1993, o novo piloto da Williams, Alain Prost, vetou a entrada de
Senna na equipe que teve que se contentar e tentar novos milagres na McLaren.
Para sorte de Ayrton, Prost não tem o mesmo arrojo de Mansell, e, com uma
diferença maior ainda que no ano anterior, quase deixa escapar o título mais fácil
de sal carreira. Senna conseguiu se manter por algum tempo na liderança do
campeonato, mas a superioridade da equipe de Frank Williams era muito grande. Não
fossem as brilhantes apresentações de Senna, a temporada teria sido mais chata
ainda do que a de 92. Os grandes momentos do ano foram em Donington (quando
Senna chegou a estar 1 volta à frente do 2° colocado e parou 3 vezes a menos
que Prost nos boxes para trocar de pneus numa pista seca-molhada-seca-molhada),
em Silverstone, quando segurou Prost por várias voltas num circuito muito
veloz, em Mônaco (quando contou com a sorte e herdou a primeira posição após
problemas com Prost e Schumacher) e no Japão, onde venceu largando atrás de
Prost. Em 1993, outra duas provas merecem destaque: o GP Brasil, onde Senna de
mais um show na chuva, levando pela última vez a torcida paulista ao delírio
em Interlagos, proporcionando outra invasão da pista. Desta vez Senna voltou
para os boxes sentado na porta do safety car acenando para o público. A outra
prova para ser lembrada sempre foi a vitória de ponta a ponta na Austrália, em
7 de novembro. Essa corrida marcou seu 41° triunfo na F1, foi sua última prova
com o carro vermelho e branco da McLaren e foi a última vez que o mundo viu seu
orgulho de ser brasileiro desfilando com a bandeira brasileira na volta da vitória.
Sua última volta da vitória. Sobre a temporada 1994 é difícil falar. Quem
gosta de automobilismo, é apaixonado por F1 e aprecia um piloto controlando uma
máquina de 700 cavalos, não consegue aceitar naturalmente o que aconteceu
neste ano. Depois de muito tempo lutando por uma vaga na equipe que lhe
proporcionou o primeiro contato com a F1, Senna finalmente assinou com Frank
Williams para correr os 32 GPs de 94 e 95. Abria-se a perspectiva de muitos (e
praticamente imbatíveis) recordes e mais dois títulos, igualando-se a Juan
Manuel Fangio, seu ídolo maior, penta campeão na década de 50. Seu grande
rival seria o alemão Michael Schumacher na Benetton. A primeira prova, em SP,
foi muito disputada e terminou com a vitória de Schummy, após um dos raros
erros de Senna em sua carreira. Ele rodou sozinho ao se aproximar da entrada da
reta dos boxes. Na segunda etapa, em Aida, no Japão, Senna largou na pole, foi
ultrapassado por Schumacher, e acabou fora da prova após ser tocado pela
Ferrari de Nicola Larini. A terceira prova seria realizada em San Marino, no
Circuito Enzo e Dino Ferrari, onde Senna já obtivera 3 vitórias e 7 poles
seguidas (um recorde até hoje). Como de costume ele obteve a pole, mas o final
de semana ficaria marcado como um dos mais tristes da história dos esportes. Na
sexta feira o brasileiro Rubens Barrichello livrou-se da morte devido a uma
camada de pneus quando sua Jordan deslizou na entrada da chicane e decolou sobre
a zebra. Como que por milagre, Rubinho escapou apenas com o nariz quebrado e o
braço machucado. A primeira pessoa a visitá-lo no hospital foi Senna, que,
barrado na porta, teve que pular o muro de trás para vê-lo. No sábado, o
piloto austríaco Roland Ratzenberger perdeu o controle de sua Simtek (o aerofólio
soltou-se) e bateu na curva Villeneuve próximo dos 300 km/h. Os médicos
tentaram salvá-lo, mas ele foi declarado morto horas depois no Hospital. Senna,
ao saber do acidente, ignorou as normas e foi ao local do acidente, reclamando
da falta de uma proteção (brita ou pneus). Repreendido pelos cartolas, Ayrton,
seu companheiro Damon Hill, e os pilotos da Benetton e da Sauber se retiraram do
treino em respeito a Ratzenberger. No domingo, Senna alinhava seu carro pela 65¦
vez na pole position, mas uma acidente envolvendo J. J. Lehto e Pedro Lamy
obrigou a entrada na pista do safety car. A pista foi liberada na 5¦ volta com
Senna em 1° e Schumacher o perseguindo logo atrás. Na sexta volta, disse
depois o alemão, "Senna entrou escorregando na curva Tamburello". Com
a experiência e o reflexo que uma década de F1 proporcionam, Ayrton controlou
a Williams número 2 e continuou para percorrer os últimos 5040 metros de sua
vitoriosa carreira. Na 7¦ volta Schumacher viu o carro de Senna deslizar
novamente no mesmo local, soltando faíscas devido ao contato com o asfalto.
Desta vez não havia o que fazer. A barra de direção quebrou e Senna, mesmo
virando o volante e reduzindo rapidamente as marchas, viu, impotente, o muro de
concreto da Tamburello chegando sem uma mísera caixa de brita ou uma proteção
de pneus. Acabava aí o sonho de milhares de fãs espalhados pelo mundo inteiro
de assistir aos domingos os shows, as manobras arrojadas, as ultrapassagens que
beiravam o impossível, o domínio perfeito da máquina sob sol ou sob chuva.
Para nós, brasileiros, a perda foi maior. Ele não era para nós apenas um
grande piloto de F1. Era como que um herói, saído do Brasil para dominar o
mundo do automobilismo repleto de tecnologia e extremamente competitivo. Nos
vimos privados de ouvir a música tema de suas vitórias e, o melhor de tudo,
ver nossa bandeira agitada depois de mais uma vitória em São Paulo, na Itália
ou no Japão. Restou-nos, desde aquele inesquecível 1° de maio de 1994,
lembrarmos sua determinação e acreditarmos que nada é impossível. Basta
perseguirmos nossos sonhos com o máximo de empenho e acreditarmos que temos
capacidade para realizá-lo."
http://www.geocities.com/RodeoDrive/4541/