FESTA DO PEÃO DE BARRETOS

O MAIOR RODEIO DO BRASIL

A festa do peão de boiadeiro, de tradicional mesmo, têm hoje pouca coisa. Se transformaram numa indústria que movimenta cifras milionárias. Nas mais de 1.200 festas que acontecem em todos os cantos do país, o espetáculo da destreza dos peões tentando o equilíbrio sobre montarias chucras é apenas um dos muitos eventos que compõem o festejo. Nos parques e estádios especialmente construídos para esse fim, acontecem exposições de equipamentos agropecuários, automóveis, motos, roupas, shows, muitos shows de duplas sertaneja e artistas populares. A mais antiga e a maior festa do gênero, realizada todos os anos entre 22 e 31 de agosto, na cidade de Barretos, em São Paulo, já atrai gente do exterior. Nem de longe lembra sua origem, quase uma brincadeira organizada pelo clube dos solteiros da cidade.

Em 1955, um grupo de garotões disponíveis e financeiramente independentes, resolveram fundar um clube – O Clube dos Independentes – para promover uma festança do peão.

Realizada no ano seguinte , ela também comemorava o aniversário da cidade de Barretos, e de quebra, preservava as raízes folclóricas da região. Aconteceu no picadeiro de um circo, com a boiada entrando pelas ruas da cidade, como acabou registrado na moda de viola Boi Soberano. Mais de 40 anos depois, tudo mudou. A festa de Barretos está entre as quatro maiores do mundo, ao lado de megaeventos americanos, como as festas de Houston e Las Vegas, e a de Calgary, no Canadá. Cerca de 1,1 milhão de pessoas comparecem à cidade.

Os rodeios foram se aperfeiçoando cada vez mais, mantendo apenas o lema: "o chão é o limite". Os melhores peões do Brasil e alguns do exterior são atraídos por causa das premiações milionárias que a festa oferece. Os shows musicais misturam duplas sertanejas de prestígio, como Chitãozinho e Xororó, Zezé di Camargo e Luciano e Leonardo, grandes estrelas da MPB e artistas da música country americana. A tribuna de honra da colossal arena em forma de ferradura, projetada por Oscar Niemayer e com capacidade para 35 mil pessoas, abriga celebridades e descolados e já recebeu até presidente da República. O evento cresceu tanto, que em 1985, ganhou área própria: O Parque do Peão, com 130 hectares.

Sobrou pouco do clima comunitário das primeiras festas. As brincadeiras tradicionais, como o pau-de-sebo e o leitão engraxado perderam lugar para o desfile de "agroboys" e "countrychinhas" – como são chamados os jovens que se vestem de acordo com a moda americana – Em suas camionetes equipadíssimas e reluzentes. Sobrevivem algumas apresentações folclóricas, como a Dança de Catira ( na qual só dançam homens, que fazem evoluções aos pares, ao som de violas, com ritmos marcados por um "palmeiro"), a Violeira, o Concurso de Berranteiros e a Queima de Alho, em que comitivas disputam quem faz o melhor arroz tropeiro, a melhor carne seca, a melhor farinha e o melhor café. E os rapazes do Clube dos Independentes? Muitos provavelmente casaram e não podem reclamar da conta bancária. Provaram que estavam certos. Festa é lucro.